Por Pedro Fonseca
CURITIBA (Reuters) - Uma seleção frágil porém totalmente desconhecida, o melhor time do continente africano, e um rival tradicional que conta com um dos melhores jogadores do Mundo. Pela ordem, esses serão os três desafios do Brasil no Grupo G da Copa do Mundo, visto como um dos mais difíceis do torneio na África do Sul.
Coreia do Norte, Costa do Marfim e Portugal são os times que a seleção enfrentará nos dias 15, 20 e 25 de junho e, se uma eliminação brasileira parece improvável, há motivos para o técnico Dunga se preocupar, especialmente com a seleção portuguesa, 3a colocada do ranking mundial.
A Costa do Marfim, apesar da falta de bons resultados nos últimos anos, viu uma temporada animadora de seus principais jogadores em clubes da Europa, e contará ainda com o apoio da animada torcida africana.
De fato, a Coreia do Norte é o único time da chave sem chances de classificação. Mas o fato de ser um time totalmente desconhecido - reflexo do regime recluso do governo do país - pode ser um perigo.
Veja a seguir detalhes dos três primeiros adversários do Brasil no Mundial.
COREIA DO NORTE
Os norte-coreanos estão disputando seu primeiro Mundial desde uma campanha incrível até as quartas-de-final em 1996. Pouco se esperava deles há 44 anos, mas derrotaram a Itália por 1 x 0 e chegaram a estar vencendo Portugal por 3 x 0, antes de levarem uma virada inspirada por Eusébio para 5 x 3.
Dessa vez, a Coreia do Norte ocupa apenas a posição número 105 do ranking da Fifa, e chegará ao Mundial após rodar o mundo disputando uma série de amistosos preparatórios para a Copa.
O destaque é o atacante Jong Tae-Se, do time japonês Kawasaki Frontale, que marcou duas vezes no empate por 2 x 2 com a Grécia na terça-feira.
Nas eliminatórias, os norte-coreanos ficaram à frente de seleções com mais tradição como Arábia Saudita e Irã. O técnico da equipe, Kim Jong-Hun, raramente concede entrevistas. Numa dessas oportunidades, durante período de treinamento na Suíça, ele disse que o time adequaria suas táticas de acordo com os adversários, mas enfatizou a importância de se defender bem.
A crescente pressão política entre as Coreias do Norte e do Sul será um assunto de repercussão no Mundial, após o governo de Pyongyang ter anunciado o rompimento das relações com Seul por ter sido acusado de afundar um navio militar sul-coreano.
COSTA DO MARFIM
O experiente técnico sueco Sven-Goran Eriksson, que comandou a Inglaterra no último Mundial, chegou de pára-quedas para comandar os chamados "elefantes" na África do Sul, após uma campanha frustrante na Copa das Nações Africana no começo do ano.
Didier Drogba, Salomon Kalou, Didier Zokora, e os irmão Yaya e Kolo Toure, todos atuando em grandes clubes do futebol europeu, são os principais nomes do time que tem, no papel, a melhor chance de fazer uma boa campanha na primeira Copa do Mundo realizada no continente africano.
A excelente forma da dupla de ataque Drogba e Kalou para ajudar o Chelsea a conquistar o título inglês serviu de inspiração para a equipe, assim como a regularidade de Yaya Toure no meio-campo do poderoso Barcelona no Campeonato Espanhol. Zokora, do Sevilla, é outro bom volante defensivo, e conseguir parar esses jogadores será fundamental para o Brasil conquistar um bom resultado.
PORTUGAL
Se vencer os dois primeiros confrontos, o Brasil já chegará classificado para a partida com Portugal, o que seria um grande feito, já que os portugueses estão entre os favoritos a fazerem uma boa campanha na Copa.
Apesar de um decepcionante empate por 0 x 0 com a fraca seleção de Cabo Verde durante a preparação para a Copa, Portugal tem Cristiano Ronaldo como seu principal nome e conta com três jogadores nascidos no Brasil que cumprem funções cruciais dentro do time.
O meia de criação Deco já estava no time 4o colocado na Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, enquanto o atacante Liedson é a esperança de gols, ao lado de Cristiano Ronaldo, e o zagueiro do Real Madrid Pepe tenta se recuperar de uma lesão para liderar o sistema defensivo da equipe.
As chances da equipe vão depender em grande parte do sucesso dos atacantes, que tiveram muitas dificuldades para balançar as redes durante todas as eliminatórias. A convocação de Liedson foi justamente uma tentativa de resolver esse problema.
Se ele e Cristiano Ronaldo acertarem a pontaria, com Deco, Nani e Simão no meio-campo, Portugal terá um time de alto poder ofensivo. Na defesa, a recuperação de Pepe de uma cirurgia no joelho realizada no fim do ano passado é fundamental para proteger a defesa.