E o Oscar vai para... "Nosso Lar"?

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E o Oscar vai para... "Nosso Lar"?
14/09/2010 15h27 -  Sérgio Rizzo, colunista do Yahoo! Cinema
Se você pensa que as lavadas do momento são exclusividade do cenário eleitoral em alguns estados, convém visitar a enquete organizada pelo Ministério da Cultura (MinC) para que os internautas apontem seu favorito entre os 23 filmes inscritos para disputar a indicação oficial brasileira na corrida ao Oscar de filme estrangeiro.
Até a noite de segunda-feira (13), "Nosso Lar" tinha 72% dos votos, seguido por "Chico Xavier" (10%), "Os Famosos e os Duendes da Morte" (5%), "O Grão" e "Antes que o Mundo Acabe" (ambos com 3%). Vitória acachapante no primeiro turno, certo? Sim, e não. De acordo com o MinC, a votação popular funcionará apenas para "auxiliar" a comissão responsável por apontar o representante brasileiro.

Nada sugere que o "auxílio" seja levado em conta pelos nove profissionais da área convidados pelo governo para essa tarefa, sempre ingrata e polêmica. O diretor Roberto Farias ("Pra Frente, Brasil"), as produtoras Mariza Leão ("Meu Nome Não é Johnny") e Elisa Tolomelli ("Central do Brasil"), e o professor, escritor e ator Jean-Claude Bernardet ("Filmefobia") integram o júri, que tem plena autonomia.

A decisão será anunciada em 23 de setembro, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. É altamente improvável, no entanto, que o escolhido seja o líder da enquete. "As Melhores Coisas do Mundo" e "É Proibido Fumar" parecem candidaturas fortes, mas há espaço para uma surpresa de caráter mais autoral, como "Os Famosos", ou para um projeto colaborativo como "Cinco Vezes Favela, Agora por Nós Mesmos".


Os números da enquete do MinC contribuem para reaquecer o debate em torno dos critérios que orientam a indicação. Em tese, a comissão deve apontar o que lhe parece ser o melhor filme entre os inscritos, com o grau de subjetividade natural ao processo. Nove cabeças, nove sentenças. Outras cabeças, outras sentenças.


A julgar por escolhas anteriores, contudo, às vezes entra em campo um pragmatismo de eficácia duvidosa: procura-se indicar um filme que teria mais chances de obter a indicação na briga com os representantes de outros países. O problema é que as escolhas na categoria de filme estrangeiro figuram entre as mais nebulosas do Oscar, em virtude do processo de seleção e das exigências para validação dos votos.


Dois anos atrás, no lançamento de "As Crônicas de Nárnia - Príncipe Caspian", participei de entrevista concedida pelo produtor Mark Johnson a um grupo de jornalistas de diversos países. À época membro do comitê de seleção dos filmes estrangeiros, ele abriu a conversa pedindo desculpas pelas omissões cometidas no Oscar daquele ano.


"Nem eu mesmo sei explicar o que aconteceu", lamentou Johnson. Candidaturas fortíssimas, como as do francês "Persépolis", do alemão "Do Outro Lado" e do romeno "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" (Palma de Ouro no Festival de Cannes), ficaram pelo caminho e sequer apareceram entre os cinco indicados. O vencedor foi o austríaco "Os Falsários".


Se profissionais de cinema e a imprensa dos EUA têm dificuldades para antecipar o resultado do processo, como adivinhar, à distância e sem informações sobre os concorrentes, qual seria o filme brasileiro "mais adequado" para a disputa? Uma breve análise da mecânica de seleção ajuda a entender o problema.


Como faz todo ano, a Academia enviou convites a organismos que representam oficialmente o cinema de dezenas de países. Cada um terá o direito de fazer uma indicação à categoria de filme estrangeiro (ou "filme em língua estrangeira", na tradução literal), desde que o escolhido tenha sido lançado em seu próprio mercado de 1o. de outubro de 2009 a 30 de setembro de 2010.


Até 2 de agosto, os nomes que integram os comitês de seleção foram submetidos à Academia. Em 1o. de outubro, esgota-se o prazo para recebimento (por envio "pré-pago", como destaca em negrito o regulamento) de material sobre os filmes escolhidos, incluindo cópias com legendas em inglês.


No ano passado, 65 países indicaram seus representantes. Na primeira fase, que durou de meados de outubro a meados de janeiro, um grupo formado por "dezenas" (segundo a informação oficial) de membros da Academia sediados em Los Angeles assistiu a todos os 65 filmes e selecionou meia dúzia. O comitê executivo da categoria escolheu mais três.


Os nove filmes que avançaram para a segunda rodada foram vistos durante três dias seguidos, no final de janeiro, por membros da Academia em Los Angeles e Nova York, que votaram em seus favoritos para reduzir a lista aos cinco indicados.


Esses procedimentos devem ser novamente utilizados neste ano, mas com o calendário ligeiramente antecipado: as indicações em todas as categorias serão divulgadas em 25 de janeiro. Só poderão votar nos candidatos a filme estrangeiro os membros da Academia que comprovarem terem visto todos os cinco, o que reduz o colégio eleitoral a um número sempre misterioso.


A cerimônia de entrega está marcada para 27 de fevereiro, domingo, no Kodak Theatre, em Los Angeles. Dois países já escolheram seus representantes para a maratona: a Holanda, com "Tirza" (
assista ao trailer), de Rudolf van den Berg, e a Hungria, com "Biblioteca Pascal" (trailer aqui), de Szabolcs Hajdu.


Sérgio Rizzo, 44 anos, é jornalista e professor. É colunista das revistas Educação, Escola Pública, Língua Portuguesa, Ideia Socioambiental e Viração. Dá aulas na Universidade Mackenzie, na FAAP, na Academia Internacional de Cinema e na Casa do Saber.


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